Conselhos aos iniciantes

Roberto Montenegro

O iniciante geralmente se empolga ao adentrar no maravilhoso mundo das abelhas-nativas-sem-ferrão, mas nem tudo são flores. Por isso, alguns cuidados se fazem necessários:

Antes de adquirir a sua primeira colônia é importante conhecer conceitos básicos sobre a biologia das abelhas, seja por meio de cursos ou de literatura (é preciso buscar fontes confiáveis de informação, com cautela, principalmente em plataformas como o YouTube). Não menos importante é conhecer as espécies de ocorrência natural da região onde mora. Uma sugestão é observar a movimentação nas flores, buscando identificar as principais espécies presentes em sua região.

A legislação atual permite a criação, sem registro no órgão ambiental, de até 49 colônias (quando não há finalidade comercial) e a instalação de ninhos-isca (ou isca-pet) é a maneira mais indicada para compor seu plantel inicial. Com a utilização destes dispositivos, o iniciante poderá capturar espécies mais rústicas e bem adaptadas à flora local como a abelha jataí (Tetragonisca angustula), muito abundante no Distrito Federal. Também terá tempo suficiente para conhecer melhor a espécie enquanto o processo de enxameação se desenvolve. Lembramos que é proibida a instalação de dispositivos de captura nas Unidades de Conservação (Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98).

Como a captura em ninhos-isca é um processo demorado, nem todos têm a paciência necessária. Caso opte por adquirir colônias de outros criadores, confirme se a espécie oferecida é de ocorrência natural em sua região. Exija um vídeo do seu interior e, se tiver dúvidas quanto à sua saúde, consulte um(a) meliponicultor(a) mais experiente. Se perceber algo estranho com a colônia recém-adquirida, comunique imediatamente ao vendedor a situação e solicite auxílio. Por serem mais sensíveis, as abelhas maiores (meliponas) exigem um conhecimento de manejo mais avançado e devem ser evitadas pelos iniciantes. É importante pesquisar o preço médio da espécie desejada, tomando cuidado com preços muito abaixo da média e propostas irrecusáveis. Infelizmente, nem todos os criadores têm boa índole e todo cuidado é pouco. Alguns retiram colônias da natureza, o que é crime ambiental, e colocam à venda em grupos de WhatsApp por preços muito baixos e sem que a mesma esteja estabilizada. O risco de prejuízo é grande!

Alguns meliponicultores tornam-se colecionadores de abelhas, adquirindo uma colônia de cada espécie (muitas vezes, desrespeitando a legislação adquirindo espécies que não ocorrem naturalmente em sua região). Essa prática não é recomendada, principalmente para os iniciantes, por colocar em risco as colônias sob sua responsabilidade. É importante conhecer a espécie a ser adquirida e inicialmente focar apenas nela, buscando aos poucos aumentar seu plantel (mínimo de 5 colônias) antes de adquirir outra espécie. Assim, em caso de problemas com uma colônia (morte da rainha, ataque de predadores, etc.), é possível utilizar material biológico de outra colônia mais forte para sanar o problema.

A maioria das espécies convivem bem em ambientes coletivos, com caixas próximas umas das outras, mas algumas são mais territorialistas e precisam ser posicionadas distantes das demais (ou necessitam de manejos específicos para serem criadas juntas). Por isso reforçamos a necessidade de adquirir conhecimento prévio sobre a espécie desejada e de definir antecipadamente o local onde será instalada, que deve ser protegido das intempéries (sol, chuva, vento, etc.) e do calor excessivo. É desejável que o meliponário seja instalado próximo à residência para evitar furtos.

Após o transporte da colônia, aguarde pelo menos 30 minutos antes de liberar a entrada da caixa, pois as abelhas chegam estressadas e podem se perder se a abertura for feita sem cuidado (convém colocar uma lâmina de cera vedando o orifício de entrada para que as abelhas precisem roer a cera antes de sair, momento em que perceberão alteração no ambiente e sairão com mais cuidado, buscando reconhecer o novo local). Uma vez instalada, mudar uma colônia de lugar não é tarefa fácil e, se não forem tomados alguns cuidados, a mudança pode enfraquecer a mesma. Solicite ajuda de alguém mais experiente caso a mudança seja realmente necessária.

Muitas colônias definham até a morte por falta de alimentação e manejo, ou por manejo excessivo. Evite abrir a caixa desnecessariamente e, principalmente, o invólucro. A colocação de um acetato transparente no módulo superior permite a visualização do interior do ninho sem a necessidade de abrir a caixa e é muito útil. Cuidado com a incidência de sol (ou chuva) nas caixas, pois podem prejudicar a colônia.

Ao tomar esses cuidados, que não são poucos, evitamos uma série de problemas que podem levar a perdas financeiras e, principalmente, à morte desnecessária de suas colônias.

(Artigo atualizado em 21/08/2024)

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